quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Número de adolescentes grávidas aumenta em 15% desde 1980

Da Folha Online

O número de adolescentes grávidas aumentou em 15% desde 1980, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De cada 100 mulheres que têm filhos no Brasil, 28 engravidam antes dos 18 anos.

Cerca de 700 mil meninas se tornam mães a cada ano no país. Cerca de 27% dos partos feitos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), em 1999, foram em adolescentes de 10 a 19 anos. Desse total, 1,3% foram em garotas de 10 a 14 anos.

A falta de serviço de saúde sexual e reprodutiva específico para os jovens é uma das causas para a gravidez precoce, na avaliação da coordenadora de Comunicação da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, Mônica Maia.

"O aumento da taxa de natalidade entre adolescentes não tem uma explicação única. Ele ocorre por uma série de fatores", afirmou.

Entre os fatores, ela destacou a falta de qualidade de vida das adolescentes, que não têm possibilidades de estudo e trabalho. "Se o ambiente doméstico é muito violento, a gravidez também pode ser uma estratégia para sair de casa", acrescentou.

Segundo a coordenadora, o atendimento dado hoje aos adolescentes é inadequado. Um adolescente que procura um posto de saúde para ter acesso a métodos contraceptivos, por exemplo, tem que participar de um grupo de planejamento familiar sendo que ele está numa fase de vida em que esta questão ainda nem está sendo pensada.

Maia acredita que o apoio social e emocional às adolescentes que ficam grávidas é fundamental para que a maternidade não traga graves conseqüências.

Com Agência Brasil

Fonte: Folha Online


terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Violência sexual: Medidas, Intervenções e Estatísticas

A violência sexual é fenômeno universal que atinge indistintamente mulheres de todas as classes sociais, etnias, religiões e culturas.

Ocorre em populações de diferentes níveis de desenvolvimento econômico e social, em espaços públicos ou privados, e em qualquer etapa da vida da mulher.

Apesar de desconhecida a verdadeira incidência dos crimes sexuais, estima-se que afetem 12 milhões de pessoas em todo o mundo. Apenas nos EUA, calcula-se que cerca de 680 mil mulheres são estupradas e que 200 mil crianças são sexualmente abusadas, a cada ano.

As conseqüências biopsicossociais são ainda mais difíceis de mensurar, embora acometam a maioria das vítimas e de suas famílias. Na esfera emocional, a violência sexual produz efeitos intensos e devastadores, muitas vezes irreparáveis.

Para a saúde, os danos e os agravos do abuso sexual são expressivos e complexos, com particular impacto sobre a saúde sexual e reprodutiva. Entre eles, a gravidez decorrente do estupro se destaca pela multiplicidade de reações e sentimentos que provoca, tanto para a vítima como para a sociedade. Geralmente é encarada como segunda violência, intolerável para a maioria das mulheres.

Para agravar o problema, entre 25 a 50% das sobreviventes da violência sexual são infectadas por uma DST, somando severas conseqüências físicas e emocionais. Ainda que reconheçam todas essas repercussões, cerca de 80% das vítimas de violência sexual referem ter como principal preocupação a possibilidade de se infectar com o HIV.

De certo modo, justifica-se essa inquietação. Os poucos estudos bem conduzidos indicam a possibilidade de soroconversão entre 0,8 e 1,6%, risco comparável (ou mesmo superior) ao observado em outras formas de exposição sexual única, receptiva ou insertiva, ou mesmo nos acidentes ocupacionais. A interpretação deste dado deve ponderar os múltiplos fatores de risco para a infecção pelo HIV envolvidos nas situações de violência sexual: tipo de violência sofrida, número de agressores; ocorrência de traumatismos genitais; idade da vítima; condição himenal; presença de DST ou úlcera genital prévia; e forma de constrangimento utilizada pelo agressor

Os provedores de serviços de saúde deveriam estar adequadamente preparados para avaliar os riscos envolvidos com a violência sexual em cada caso, oferecendo medidas de proteção e intervenção apropriadas. Contracepção de Emergência, profilaxia para a hepatite B e proteção medicamentosa contra as DST não virais são ações de fundamental importância e que deveriam ser oferecidas e garantidas aos casos ocorridos há menos de 72 horas.

Prof. Dr. Jefferson Drezett - texto adaptado de: “PROFILAXIA PÓS-INFECCIOSA DE MULHERES ESTUPRADAS” - apresentado para a IV Conferência Internacional sobre Infecção pelo HIV em Mulheres e Crianças – Rio de Janeiro, abril de 2002.Saiba mais na Biblioteca

Medidas e Intervenções para Tratar do Problema
promover e apoiar pesquisas sobre o tema
promover ações entre os setores jurídicos e o de saúde, incluindo medidas para:
  • detectar e tratar a violência sofrida durante a gravidez
  • garantir acesso a anti-concepção de emergência e ao aborto legal para as mulheres sobreviventes de estupro ou incesto
  • garantir que a decisão tomada pela mulher com relação ao aborto seja voluntária e livre de coerção, tanto a favor como contra o procedimento
  • alterar as leis que penalizam e castigam mulheres por abortar, e pelas quais elas voltam a ser vítimas depois de sofrer violência
  • garantir atenção pós-aborto adequada que inclua atenção à violência
  • apoiar as organizações que procuram reduzir a violência contra a mulher

Estatísticas:

- Segundo a Sociedade Mundial de Vitimologia (Holanda), que pesquisou a violência doméstica em 138 mil mulheres de 54 países, 23% das mulheres brasileiras estão sujeitas à violência doméstica. - A cada 4 minutos, uma mulher é agredida em seu próprio lar por uma pessoa com quem mantém relação de afeto. - As estatísticas disponíveis e os registros nas delegacias especializadas de crimes contra a mulher demonstram que 70% dos incidentes acontecem dentro de casa e que o agressor é o próprio marido ou companheiro. - Mais de 40% das violências resultam em lesões corporais graves decorrentes de socos, tapas, chutes, amarramentos, queimaduras, espancamentos e estrangulamentos. - O Brasil é o país que mais sofre com a violência doméstica, perdendo cerca de 10,5% do seu PIB em decorrência desse grave problema.

Fonte: http://www.ipas.org.br/violencia_antes.html


quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Álcool: Morte e Violência

Dados estatísticos/96

Pesquisa realizada no Instituto Médico Legal de São Paulo durante um ano, revelou que de cada 100 corpos que dão entrada naquele instituto, 95 têm álcool no sangue. Em 11 deles são encontrados mais de 4 gramas de álcool por litro de sangue, suficiente para matar.

A pesquisa, coordenada por Solange Nappo e José Carlos Galduroz, do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas - Cebrid, da Universidade Federal de São Paulo, foi apresentada no 10º Congresso Mundial de Psiquiatria realizada em Madri.

Para chegar ao resultado os pesquisadores analisaram 19.230 laudos cadavéricos feitos entre 1986 e 1993 no IML central de São Paulo. Em 18.263 corpos - 95% do total, foi registrada a presença de álcool. Em 2.115 cadáveres - 11% dos que tinham ingerido bebida, havia álcool suficiente para levar à morte, ou seja, se estas pessoas não tivesse morrido de tiro, no trânsito, morreriam de qualquer forma pelo efeito do álcool.

A presença da cocaína, cheirada ou fumada em forma de crack, só foi encontrada em 407 corpos, representando 2,12%, enquanto traços de psicotrópicos foram detectados em 390 cadáveres, 2,05% do total. Cerca de 96% das vítimas com álcool no sangue eram homens. eles também eram a grande maioria entre os que tinham cocaína no organismo. Segundo o Secretário Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, Elisaldo Carlini, essa proporção também vale para os inalantes como cola e benzina. Mas, no caso dos psicotrópicos, cerca de 60% eram mulheres.

Uma das hipóteses levantada pelos pesquisadores é a de que muitas das mulheres que ingeriram psicotrópicos tinham a intenção de se matar. Os homens, ao contrário, usam o álcool e outras drogas ilícitas supostamente para se divertir.

Álcool X Veículos

O álcool foi responsável por 76,6 mil acidentes de trânsito com vítimas ocorridos em 95. Significam 30% dos 255 mil acidentes registrados em todo o país no período.

Naquele ano, 25 mil pessoas morreram e outras 321 mil ficaram feridas nesses acidentes. Estima-se que um terço dessas pessoas, 7,6 mil mortos e 96,3 mil feridos tenham sido vítimas de motoristas que dirigiam embriagados. São 20 mortos e 265 feridos vítimas do álcool, a cada 24 horas.
Conforme a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) taxas entre 0,3 e 0,5 gramas de álcool por litro de sangue já causam queda na sensibilidade visual do motorista, reduzindo sua percepção das distâncias e da velocidade.

A Associação observa que o álcool é extremamente perigoso porque provoca momentos de euforia seguidos de depressão. Na primeira fase a pessoa se sente toda poderoso, achando que com ela nada acontece. Na segunda vem a sonolência e é aí que acontece o maior número de acidentes.

Álcool X Violência

Pesquisa do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo realizada na zona sul da capital paulista revela que a melhor receita para uma morte é uma arma na mão, um copo de aguardente ou uma droga na cabeça.

A pesquisa mostra que entre os ingredientes o álcool aparece como agente detonador em pelo menos 41% dos homicídios. O tráfico de drogas foi responsável por 17 assassinatos, ou 11,7% do total.

Foram analisados 145 homicídios esclarecidos em 14 distritos policiais dos bairros mais viole tos da zona sul em 1995. A pesquisa mostrou que a droga, especialmente o crack, é um dos fatores de aumento no número de mortes, mas não é o único.

Segundo os dados coletados, o crack tem efeito semelhante ao da bebida, com uma agravante: enquanto o álcool em excesso "derruba" a pessoa, o crack, a cada dose, provoca um novo momento de excitação. O problema é que o número de pessoas que bebe em excesso é muito maior que o daqueles que usam crack.
Na gíria policial o álcool provoca três momentos distintos, batizados com os nomes de bichos: a fase do macaco, quando a pessoa começa a beber e está alegre; a do leão, quando a bebida o deixa valente; e a do porco, quando passa mal e dorme.

As brigas começam quando o "macaco" que chega ao bar encontra a valentia do "leão". Para Guaracy Mingardi, que coordenou a pesquisa, o álcool ou a droga - ou a raiva e o desejo de vingança são fatores que alteram a consciência, mas é a posse da arma que vai materializar o homicídio. Nesse sentido, o pesquisador conclui que apreender menos armas do que crack ou qualquer outras droga é mais danoso.

Na região estudada, os bares aparecem como o maior centro gerador de violência. A maioria das mortes ocorrem justamente nesses locais.
Nos Estados Unidos, pesquisa feita pelo Instituto Nacional de Alcoolismo mostra que o excesso de bebida é um fator em 68% dos homicídios culposos, 62% dos assaltos, 54% dos assassinatos e 44% dos roubos ocorridos no país.

A pesquisa mostrou, também, que o fator álcool é mais relevante em casos de violência doméstica. Cerca de dois terços dos casos de espancamento de crianças ocorrem quando os pais agressões estão embriagados. O mesmo ocorre em brigas entre marido e mulher. No caso dos estupros, a pesquisa mostrou que em 72% dos casos o estuprador estava bêbado.
Os dados mostram ainda que:

- 17,6 mil das 35 mil pessoas que morrem por ano em acidentes automobilísticos são vítimas de motoristas que guiam intoxicados por bebida alcoólica;

- mais de 1,5 milhão de prisões ocorrem por ano devido ao consumo de álcool por motoristas;

- a principal causa de mortes entre adolescentes no país são acidentes de carros provocados por bebida (cerca de 3.000 por ano);

- dos 1.700 casos de ciclistas mortos em acidentes nos EUA em 1995 32% tinham bebido antes do incidente. entre os homens entre 25 e 34 anos mortos em acidentes de bicicletas, 50% estavam bêbados;

- Cerca de 500 mil pessoas são presas a cada ano por violarem leis de controle ao álcool (nos EUA é proibido beber na rua, exceto na cidade de Nova Orleans) e 800 mil por arruaças durante bebedeiras.

- Estima-se em 10,5 milhões o número de alcoólatras nos EUA. Outros 7,2 milhões têm problemas com o álcool por beberem demais ocasionalmente.

- o custo econômico do alcoolismo (tratamento de doenças, dias de trabalho perdidos) nos EUA é de 128 bilhões de dólares anuais.

Álcool X Mortalidade

A mortalidade por causa do consumo de álcool em São Paulo, segundo pesquisas, é menor do que em Nova Iorque, mas é muito mais precoce: os brasileiros morrem mais jovens que os americanos.

Tanto entre homens quanto entre mulheres de 20 a 29 anos, a taxa de mortes por beber demais é três vezes maior para os paulistanos do que para os nova-iorquinos.

No caso de São Paulo, a maior incidência de óbitos acontece entre os 40 e 49 anos. Nessa faixa etária, o coeficiente da taxa de mortalidade por 100 mil habitantes chega a 57,5 para os homens e a 6,4 para as mulheres.

No caso masculino, o resultado é quase igual ao de Nova Iorque (53,3). Mas no feminino, a taxa americana já é duas vezes maior que a brasileira nessa faixa etária, chegando a 12/100 mil.

A incidência de casos nova-iorquinos continua crescendo à medida que aumenta a idade em que as vítimas morrem. O ápice é na faixa dos 50 a 59 anos, quando a mortalidade pelo álcool é 50% maior para os homens e três vezes superior para as mulheres norte americanas em comparação com os brasileiros.

Fonte:
Geocites