quinta-feira, 29 de abril de 2010

VOCÊ PODE MAIS, ACREDITE!



Bom mesmo é ir a luta com determinação,
abraçar a vida com paixão, perder
com classe e vencer com ousadia,
pois o triunfo pertence a quem se atreve...
A vida é muito para ser
insignificante.

(Charles Chaplin)


Fonte: Youtube.com


Postado por: De Moraes


Sendo Ecologicamente Correto - > RECICLAGEM < -

A reciclagem é o termo geralmente utilizado para designar o reaproveitamento de materiais beneficiados como matéria-prima para um novo produto. Muitos materiais podem ser reciclados e os exemplos mais comuns são o papel, o vidro, o metal e o plástico. As maiores vantagens da reciclagem são a minimização da utilização de fontes naturais, muitas vezes não renováveis; e a minimização da quantidade de resíduos que necessita de tratamento final, como aterramento, ou incineração.

O conceito de reciclagem serve apenas para os materiais que podem voltar ao estado original e ser transformado novamente em um produto igual em todas as suas características. O conceito de reciclagem é diferente do de reutilização.

O reaproveitamento ou reutilização consiste em transformar um determinado material já beneficiado em outro. Um exemplo claro da diferença entre os dois conceitos, é o reaproveitamento do papel.

O papel chamado de reciclado não é nada parecido com aquele que foi beneficiado pela primeira vez. Este novo papel tem cor diferente, textura diferente e gramatura diferente. Isto acontece devido a não possibilidade de retornar o material utilizado ao seu estado original e sim transformá-lo em uma massa que ao final do processo resulta em um novo material de características diferentes.

Outro exemplo é o vidro. Mesmo que seja "derretido", nunca irá ser feito um outro com as mesmas características tais como cor e dureza, pois na primeira vez em que foi feito, utilizou-se de uma mistura formulada a partir da areia.

Já uma lata de alumínio, por exemplo, pode ser derretida de volta ao estado em que estava antes de ser beneficiada e ser transformada em lata, podendo novamente voltar a ser uma lata com as mesmas características.

A palavra reciclagem discoisou-se mídia a partir do final da década de 1980, quando foi constatado que as fontes de petróleo e de outras matérias-primas não renováveis estavam se esgotando rapidamente, e que havia falta de espaço para a disposição de resíduos e de outros dejetos na natureza. A expressão vem do inglês recycle (re = repetir, e cycle = ciclo).

Como disposto acima sobre a diferença entre os conceitos de reciclagem e reaproveitamento,em alguns casos, não é possível reciclar indefinidamente o material. Isso acontece, por exemplo, com o papel, que tem algumas de suas propriedades físicas minimizadas a cada processo de reciclagem, devido ao inevitável encurtamento das fibras de celulose.

Em outros casos, felizmente, isso não acontece. A reciclagem do alumínio, por exemplo, não acarreta em nenhuma perda de suas propriedades físicas, e esse pode, assim, ser reciclado continuamente.

No Brasil os recipientes para receber materiais recicláveis seguem o seguinte padrão:
  • Preto:madeira
  • Laranja: resíduos perigosos
  • Branco: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde
  • Roxo: resíduos radioativos
  • Marrom: resíduos orgânicos
  • Cinza: resíduo geralmente não reciclável, misturado ou contaminado, não sendo possível de separação.

Ecoponto em Portugal

Em Portugal, os recipientes de resíduos para reciclagem dividem-se em:

Vantagens da reciclagem


Cestos de reciclagem de resíduos

Os resultados da reciclagem são expressivos tanto no campo ambiental, como nos campos econômico e social.

No meio-ambiente a reciclagem pode reduzir a acumulação progressiva de resíduos a produção de novos materiais, como por exemplo o papel, que exigiria o corte de mais árvores; as emissões de gases como metano e gás carbônico; as agressões ao solo, ar e água; entre outros tantos fatores negativos.

No aspecto econômico a reciclagem contribui para o uso mais racional dos recursos naturais e a reposição daqueles recursos que são passíveis de re-aproveitamento.

No âmbito social, a reciclagem não só proporciona melhor qualidade de vida para as pessoas, através das melhorias ambientais, como também tem gerado muitos postos de trabalho e rendimento para pessoas que vivem nas camadas mais pobres.

No Brasil existem os carroceiros ou catadores de papel, que vivem da venda de sucatas, papéis,alumínio e outros materiais recicláveis deixados no lixo.Eles também trabalham na colecta ou na classificação de materiais para a reciclagem. Como é um serviço penoso, pesado e sujo, não tem grande poder atrativo para as fatias mais qualificadas da população.


Catadores de recicláveis em lixão

Assim, para muitas das pessoas que trabalham na reciclagem (em especial os que têm menos educação formal), a reciclagem é uma das únicas alternativas de ganhar o seu sustento.

O manuseio de resíduos deve ser feito de maneira cuidadosa, para evitar a exposição a agentes causadores de doenças.

No Brasil, a cidade que mais recicla seu resíduos é Curitiba: atualmente, 20% de todo os resíduos produzidos - cerca de 450 toneladas por dia - são reciclados na cidade.


Fonte: Wikipedia



Postagem por: De Moraes


A Verdade Sobre a Sua TELEVISÃO!



Somos produtos daquilo que vemos e ouvimos, se ouvimos e vemos errado, errados estaremos! Quem forma sua opinião? A mídia tendenciosa? O disse me disse alheio? O você nem opinião formada tem? É triste olhamos para um país tão rico como nosso e contemplarmos tanta desigualdade social graças a maioria dos cidadãos de nossa nação que dorme no braços da mídia achando que a realidade está na caixinha de ilusões (TV)! Enquanto leis são votadas contra o trabalhador milhões de brasileiros sentam em frete a TV ( TV na minha concepção é a abreviação de Tira Visão) para assistir novela e Big Brother, e cada dia que se passa esquecem da REALIDADE SOCIAL em troca da ILUSÃO VIRTUAL que é a TV, acordemos enquanto ainda é tempo, pois do jeito que as coisas vão não duvido muito que a elite burguesa não consiga fazer voltar as SENZALAS, pois coronéis qualquer rico nesse país já é, ACORDE PARA RESPONSABILIDADE SOCIAL, LEIA, REIVINDIQUE SEUS DIREITOS, LUTE PELA VERDADEIRA DEMOCRACIA QUE É DIREITO DE TODOS!


De Moraes
(Componente da Equipe
de redação do Povo em Foco)


Fonte do Vídeo: Youtube.com



Banco Central faz a 1ª elevação de juros em 19 meses



  O Banco Central voltou a subir nesta quarta-feira (28), durante reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da instituição, os juros básicos da economia brasileira. A taxa avançou 0,75 ponto percentual, passando de 8,75% ao ano, a menor já registrada até o momento, para 9,5% ao ano.


É a primeira elevação dos juros em 19 meses. A última subida havia ocorrido em setembro de 2008, poucos dias antes do anúncio de concordata do banco norte-americano Lehman Brothers, que deu início à fase mais  aguda da crise financeira internacional - que espalhou a recessão pelo planeta. Desde então, os juros haviam ficado estáveis, ou recuado para tentar conter os efeitos da crise no crescimento do país.
Selic sobe para 9,50%Selic sobe para 9,50% (Foto: Editoria de Arte/G1)


A expectativa do mercado financeiro é de que esse seja apenas o início de um ciclo de subida nos juros básicos do país. A previsão dos economistas é de que a taxa continue avançando nos próximos meses, e que  atinja o patamar de 11,75% ao ano ao final de 2010.


Porque os juros sobem
O objetivo do BC ao subir os juros é conter pressões inflacionárias e buscar com que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), que serve de referência para o sistema de metas de inflação, não suba muito.  Para este ano, e para 2010, a meta central é de 4,5%. Ao subir os juros, o BC atua para conter a demanda por produtos e serviços e, com isso, para tentar impedir o crescimento dos preços.


A subida de juros já era amplamente esperada pelo mercado financeiro. A dúvida era somente qual seria a intensidade da elevação. Na semana passada, a maioria do mercado apostou que o aumento seria de 0,5 ponto percentual, para 9,25% ao ano. Nesta semana, porém, grande parte dos analistas já passaram a acreditar em um crescimento maior: de 0,75 ponto percentual, para 9,5% ao ano. Alguns chegaram até projetar um aumento de um ponto percentual, para 9,75% ao ano.
Ao fim do encontro desta quarta-feira, o BC divulgou a seguinte frase: "Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias ao cenário prospectivo da economia, para assegurar a convergência da inflação à trajetória de metas, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 9,50% a.a., sem viés".


Críticas ao BC
A elevação acontece em um momento de fortes críticas de economistas ao Banco Central. A reclamação é de que a autoridade monetária teria sido leniente na busca da meta central de inflação deste ano. Em seu último encontro, em março, o BC já previa um IPCA de 5,2% para este ano, para uma meta central de 4,5% em 2010, e, mesmo assim, manteve a taxa básica estável em 8,75% ao ano.


Naquele momento, ainda não havia clareza sobre a possível candidatura do comandante da instituição, Henrique Meirelles, nas próximas eleições. A definição aconteceu somente no início deste mês, quando Meirelles anunciou que permanecerá no comando do Banco Central até o fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


As críticas motivaram resposta presidente do BC. Nesta terça-feira (27), mesmo dia em que teve início a reunião do Copom, Meirelles afirmou que não houve mudança de orientação da autoridade monetária por não ter subido os juros em março.


"O Banco Central não precisa provar nada a ninguém (...) Estamos administrando o sucesso, uma situação não usual. Buscam-se motivações negativas de um lado ou outro, de 'movitação politica, ou para recuperar credibilidade'. Quando, na realidade, a credibilidade do BC é reconhecida internacionalmente", afirmou ele na ocasião.


Reflexos do aumento de juros
Com a subida dos juros para tentar conter a inflação, as taxas cobradas dos clientes bancários também podem avançar. Desde setembro do ano passado, quando o BC começou a manifestar uma preocupação maior com a inflação, a taxa de captação dos bancos já avançou 0,7 ponto percentual. Os aumentos da taxa básica da economia devem gerar novos aumentos no custo de captação dos bancos, que poderão ser repassados aos juros cobrados dos clientes bancários.


Além disso, a subida da taxa de juros também terá, segundo economistas, outros reflexos na economia brasileira. Um deles pode ser uma entrada maior de recursos no país, que viriam em busca de uma remuneração melhor, gerando uma queda do dólar.


Mesmo em 8,75% ao ano, os juros reais brasileiros (após o abatimento da inflação prevista para os próximos 12 meses), já eram os maiores do mundo. Com a elevação desta quarta-feira, o país dispara na liderança do ranking mundial de juros reais. Segundo cálculos da consultoria UpTrend, os juros reais, com a elevação feita pelo Copom nesta quarta-feira, passam para 4,5% ao ano, contra 3% ao ano do segundo colocado (Indonésia).


"Esse aumento de juros, e os outros que devem vir em seguida neste ano, pode gerar uma entrada maior de capitais e o câmbio pode se apreciar [dólar caindo] um pouco. Mas deve ter alguma volatilidade [para cima]  nas eleições, por conta de declarações que podem gerar incertezas, o que deve contrabalançar um pouco esse movimento", avaliou o economista da Tendências, Bernardo Wjumiski.
Impacto na dívida pública
Outro reflexo da subida de juros é o seu impacto nas contas públicas. Atualmente, o volume de títulos públicos em mercado corrigidos pela taxa básica de juros está em R$ 500 bilhões. Se sobe a taxa básica de juros, o governo também tem de pagar uma remuneração maior aos detentores destes papéis.


Se mantido pelos próximos 12 meses, esse aumento de 0,75 ponto percentual nos juros, para 9,25% ao ano, vai gerar um gasto a mais de R$ 3,75 bilhões para o governo. E se for confirmada a expectativa do mercado financeiro de elevação de 3 pontos percentuais nos juros até o fim deste ano, para 11,75% ao ano, o impacto total do ciclo de aumento, nas contas públicas, será maior ainda: de R$ 15 bilhões em doze meses.

Foi pouco mais para um crescimento mais igualitário devemos manter as taxas em no máximo 5 ou 5,5%,como dizem alguns economistas,mais vamos esperar, o mais importante é que os pedaços deste grande bolo que é a economia nacional possa ser fatiado de forma mais equilibrada,onde os ganhos possam chegar a todos os empregados nacionais.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Santiago recebe Nona Reunião do Comitê Executivo da Cepal


Acontecerá na próxima terça-feira (20), às 9h30, em Santiago, Chile, a Nona Reunião do Comitê Executivo da Conferência Estatística das Américas da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEA-Cepal), que reunirá autoridades e especialistas de 19 países da América e da Europa para analisar o desenvolvimento das estatísticas na região.

Durante a reunião, os participantes revisarão o programa de cooperação regional e internacional 2009-2011 em matérias estatísticas e avaliarão as atividades dos diferentes grupos de trabalho da Conferência. O evento será inaugurado pelo Secretário Executivo Adjunto da Cepal, Antonio Prado, e pelo presidente do Comitê Executivo, Pablo Tactuk.

cepal ganhará força com dilma ou serra


Acho que o Sergio Leo se deixou levar pela mesma ilusão minha, à época. Ou talvez não. Como a ativismo de Estado voltou à moda, é possível que Serra reavalie a reavaliação que fez sobre a Cepal.

Do Valor

Cepal ganhará peso, com Serra ou Dilma

As pesquisas de opinião indicam séria disputa pela sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva entre a candidata governista Dilma Rousseff, e o candidato do PSDB e do DEM, José Serra; e a escolha ilumina uma tremenda coincidência. Seja Dilma, seja Serra, a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), ícone do desenvolvimentismo, espera uma etapa de glória na relação com o Brasil. O ativismo estatal prepara uma volta triunfal.

“A Cepal poderá ser um canal com o restante da América Latina, de onde o Brasil, compartilhará experiências bem-sucedidas, que podem beneficiar outros países”, previu a secretária-executiva da comissão, Alicia Bárcena, ao Valor. Ela veio ao Brasil, na semana passada, para reuniões com autoridades federais, preparando a abertura do próximo “período de sessões” da Cepal, a reunião mais importante do órgão, vinculado às Nações Unidas. A abertura, em Brasília, no dia 30 de maio, inaugura a presidência do Brasil na Cepal, o que reforça as relações entre a comissão e o Brasil, e transformará o país em abrigo de discussões econômicas internacionais.

“O Brasil terá grande influência, de fato, porque presidir o período de sessões significa que país pode convocar reuniões, e nós poderemos convocar reuniões que o país presida, de temas de interesse brasileiro”, comenta Alicia. A cerimônia em Brasília servirá ao lançamento de novo documento da Cepal, sobre distribuição de renda e dos benefícios do crescimento, “Na hora da igualdade, lacunas por fechar e caminhos por abrir”, um estudo que, segundo a secretária-executiva da comissão, significa um “ponto de inflexão no pensamento crítico do desenvolvimento” na região.

Em resumo, os últimos seis meses do governo Lula e o próximo ano e meio do novo governo terão o apoio institucional e o peso político da Cepal para os projetos desenvolvimentistas. Uma eventual eleição do tucano José Serra não muda a previsão de que será um período favorável à maior atuação do Estado. “O escritório brasileiro da Cepal viveu um “periodo de ouro” durante a gestão de Serra no Ministério do Planejamento”, lembra o representante da Cepal no Brasil, o respeitado economista Renato Baumann. “Nunca houve tanto apoio e verbas para o trabalho da comissão em convênios com o governo”, garante.

Serra, mais que o presidente Fernando Henrique Cardoso, tem laços afetivos e ideológicos com a Cepal, onde trabalhou durante o exílio no Chile. Com a escolha, neste ano, do ex-representante do BNDES em Brasília, Antônio Prado, como secretário-executivo adjunto da Cepal, a ligação entre o comando da comissão e o governo do PT também passou a ser ainda mais forte. Prado, ex-coordenador do programa de governo de Lula, em 2002, é uma clara indicação do governo petista à Cepal. Ele comentou, ao Valor, o documento que a comissão divulgará em maio, com cenários desejáveis para a economia global.

“A questão é saber que estratégias podemos adotar quando os mercados estão integrados e as economias permanecem nacionais”, diz ele. Em um tom que faz lembrar críticas aos economistas ortodoxos, feitas tanto na equipe do ministro da Fazenda, Guido Mantega, quanto por Serra durante sua passagem pelo governo pré-Lula, a Cepal defende políticas de austeridade fiscal e de metas de inflação, mas sugere ajustes contra a aplicação tradicional dessas medidas. “O sistema de metas de inflação tem de ser mais complexo; não pode ter apenas a meta e instrumentos”, exemplifica Prado. “Deve levar em conta a situação do câmbio, gerar um sistema de câmbio flutuante, mas administrado, o chamado câmbio sujo.”

As ressalvas se aplicam também à entrada de capitais estrangeiros, segundo lembra o documento da Cepal, que faz menção aos regimes de severo controle no ingresso de moeda estrangeira no Chile e na Colômbia, nos anos 90, para defender a criação de mecanismos de barreira aos capitais especulativos. Os colombianos chegaram a manter uma espécie local de “taxa Tobin”, imposto proposto pelo prêmio Nobel James Tobin, sobre transações financeiras internacionais. “O Brasil também deu exemplo nesse ponto”, diz Alicia Bárcena, citando o aumento de IOF determinado sobre ingresso de capital, durante a crise financeira recente. Os elogios da dirigente da Cepal se espraiam, também, nas políticas sociais e de inovação do governo, algumas, nota, anteriores a Lula.

O importante, dizem os dirigentes da Cepal, é manter espaço para “políticas contracíclicas”, que permitam maior prudência em período de crescimento, como o que parece iniciar-se na região, mas estimule investimentos e gastos em educação e saúde; dando instrumentos de intervenção ao governo. O papel dos bancos públicos brasileiros e a ação do BNDES são apontados como modelo pela comissão das Nações Unidas.

A República Dominicana ganhou destaque inédito ao presidir o atual periodo de sessões da Cepal, e sediar encontros de autoridades e especialistas, marcantes para discussão da crise econômica, em 2008. O Brasil, já é estrela mundial, e terá, com a Cepal, envolvimento ainda maior nos projetos internacionais de desenvolvimento pós-crise financeira. Será interessante saber o que os candidatos à Presidência pretendem fazer com esse protagonismo.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

BB compra 51% do Banco Patagônia por US$ 479,66 mi


O grupo controlador do Banco Patagônia anunciou, na tarde desta quarta-feira, que vendeu 51% das ações da instituição financeira para o Banco do Brasil por US$ 479,66 milhões. Os papéis foram adquiridos dos sócios Jorge e Ricardo Stuart Milne e Emilio Gonzáles Moreno. O negócio, que se arrastava desde o fim do ano passado, foi aprovado em reunião da diretoria do banco argentino nesta quarta-feira.

Com a compra, o banco federal inicia seu plano de internacionalização que prevê negócios na Argentina, Estados Unidos e demais países com forte presença de brasileiros e companhias nacionais. O presidente do BB, Aldemir Bendine, está na capital argentina para o anúncio à imprensa que deve acontecer ainda hoje.

De acordo com fato relevante enviado à Comissão Nacional de Valores da Argentina, o BB pagará no ato 40% do valor do negócio (cerca de US$ 191 milhões) e o restante será pago "em um determinado prazo". Segundo o comunicado ao mercado, o preço sofrerá ajuste entre a data de assinatura do contrato e o fim dos pagamentos em 3,5% anuais.

O Patagônia tem ativos de U$S 2,570 bilhões, carteira de crédito de US$ 1,163 bilhão e depósitos de US$ 1,717 bilhão. A instituição tem 775 mil clientes com 155 pontos de atendimento, 417 caixas eletrônicos e 2.660 empregados.

quarta-feira, 21 de abril de 2010


Nesta nova expêriencia da Apple o Ipad vem como um dos principais alavancadores para a economia norte-americana, e representa mais ainda, que é o poder de comprar dos americanos,que com a crise andaram um pouco longe das lojas de compra, este lançamento vem de forma estratégica também para trazer a confiança para todos os americanos,viciados pela tecnologia.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Marco Aurélio Garcia: “Acho que o futuro já chegou — um pouco”



“Nós estamos emergindo e vamos continuar a emergir. Há outros países que já são desenvolvidos que estão imergindo, estão afundando. O grande problema que nós temos aqui é o seguinte: nós começamos, a meu juízo, a enfrentar a questão chave que o País tinha que, de uma certa forma, abriu espaço para resolver as demais, que era questão social. Por que nós éramos o eterno país do futuro? Porque nós éramos um país rico e profundamente desigual. E essa desigualdade não era simplesmente de renda. Era uma desigualdade de gênero, étnica, que se dava em termos regionais, em termos educacionais, assimetrias culturais etc. Nós começamos a resolver a desigualdade social em termos de renda. E demos alguns passos importantes para resolver os temas das desigualdades regionais”. A avaliação é de Marco Aurélio Garcia, assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais em entrevista a Andréa Vieira, da revista Desafios do Desenvolvimento, do Ipea

Desenvolvimento – Em palestra no Ipea, o senhor afirmou que instituições internacionais estão caducas. Gostaria que o senhor explicasse essa posição.

Garcia - Acho que tem três tipos de caducidade. Primeiro do ponto de vista dos pressupostos com os quais FMI e o Banco Mundial, mais particularmente o Fundo, trabalharam durante esses últimos anos. Eles foram muito lenientes no que diz respeito à desordem econômica internacional que estava se armando, estimulavam as ideias de desregulamentação, foram extremamente ortodoxos na cobrança de políticas austeras por parte dos países, sobretudo os pobres e emergentes, o que significou em grande medida que esses países se viram inviabilizados. E parece que algumas dessas questões persistem hoje. Se nós verificarmos os conselhos que foram dados, segundo o noticiário, pelo FMI para a Europa, agora nós vamos ver que uma das principais recomendações parece ser o corte de salários. Ora, a tendência em momentos de crise é impulsionar políticas heterodoxas, políticas anticíclicas! Então eu acho que esse problema que parecia superado depois da eleição do Dominique Strauss-Kahn para o FMI, ainda não está perfeitamente equacionado. O segundo aspecto está ligado à operacionalidade dessas entidades muito burocratizadas. O atraso na rodada de Doha é um caso típico, em circunstâncias que num determinado momento as coisas estavam praticamente para ser resolvidas. Na última hora, no final da gestão Bush nos EUA e no limiar de uma eleição na Índia, as negociações fracassaram. O terceiro aspecto, também mais ligado à direção, porém mais tangível, é a questão da representatividade. Salvo a OMC, onde cada país tem um voto, nas outras entidades nós temos uma distribuição muito perversa das organizações de poder que não corresponde mais à correlação de forças internacionais, que ainda é acompanhada de uma prática habitual, uma espécie de um condomínio Europa-EUA.

Desenvolvimento – É possível estruturar uma instituição multilateral realmente eficiente e representativa de todas as nações ou reorganizar as já existentes? Como seria?

Garcia - Eu acho que isso deve ser tentado. Se nós praticarmos de forma mais intensa uma concepção multilateral das organizações internacionais, isso é factível. Agora, se nós acharmos que o mundo tem que ser regido por um grupo restrito de potências, não vai ser possível. A grande verdade é que essa alternativa da hegemonia de um grupo pequeno de potências também conduz a um impasse. Acho que o exemplo mais claro disso foi a reunião de Copenhague, onde tudo ficou bloqueado em grande medida por causa da decisão dos Estados Unidos no que diz respeito às metas de controle de emissão (de gases). Isso fez com que a Europa retrocedesse naquilo que ela havia proposto e deixou os outros países olhando o céu. O grande problema, se não houver essa democratização das organizações internacionais, é uma paralisação das relações internacionais. Isso não é bom.

Desenvolvimento – A crise internacional expôs uma série de falhas do sistema financeiro mundial. Falou-se em regulação e fiscalização dos mercados, mas até agora nada foi feito. Por que isso é tão difícil?

Garcia - É difícil porque fere interesses nacionais importantes e porque nós hoje enfrentamos uma crise de liderança mundial muito grande. Lembramos que o antecedente que nós tivemos foi a crise de 1929. No que diz respeito aos Estados Unidos, ela começou a ser enfrentada num primeiro momento com medidas extremamente corajosas, muito mais radicais, mas a grande resolução da crise de 1929 foi a guerra. Então esse é um risco real. Quando os países se reuniram em 1944, em Bretton Woods, para tentar definir uma nova arquitetura financeira internacional, eles estavam fazendo uma autocrítica da sua inação no que diz respeito a evitar os desdobramentos da crise. Quer dizer, antes que a guerra tivesse ocorrido e, como causa dessa guerra, inclusive, nós tivemos a ascensão do fascismo na Itália, a ascensão do nacional-socialismo na Alemanha, de uma certa forma a guerra civil espanhola, o êxito e depois o fracasso da experiência da frente popular na França, enfim, uma série de fenômenos que, sem dúvida nenhuma, qualquer historiador vai localizar nas origens da Segunda Guerra Mundial.

Desenvolvimento – Caso nada seja feito nesse momento para estabelecer uma ordem econômica mais organizada e sustentável, o que pode acontecer?

Garcia – O mundo pode se transformar num grande paiol de pólvora. E quando há um paiol de pólvora, qualquer fósforo produz uma explosão.

Desenvolvimento – O senhor fala em guerra mesmo?

Garcia - Por que não? Não quero ser catastrofista, mas eu acho que essa é uma das razões pelas quais, talvez, todos os esforços de neutralização dos pontos de tensão internacional são de fundamental importância.

Desenvolvimento – Isso justifica a preocupação em aumentar a defesa do Brasil?

Garcia – Eu não diria aumentar, mas adequá-la. Nós estávamos com um sistema de defesa que não correspondia mais às necessidades do País, entende? Nós precisamos ter adequação. Nós não precisamos ter forças armadas para desfile militar. Nós precisamos ter forças armadas para proteger o País. Acho que esse tema, grosso modo, está sendo colocado em quase todos os países da América Latina. Então, por essa razão, eu não vejo que a América Latina, em particular a América do Sul, seja uma região que possa ser capitulada como uma região de tensão internacional. Mas há outras regiões com focos de tensão que todos os dias estão se manifestando. O crescimento da economia chinesa será acompanhado ou não de uma estratégia de consolidação da China como potência militar? Não sei. É bem possível. As tensões que estão se produzindo agora entre China e Estados Unidos em função do refortalecimento dos armamentos de Taiwan? Há regiões de enorme tensão no mundo hoje como Paquistão, Afeganistão, Palestina…

Desenvolvimento – Voltando a falar da economia mundial, ao que tudo indica, o Brasil adotou as medidas corretas para mitigar os efeitos da crise, tanto que foi um dos primeiros países a sair dela. No cenário financeiro internacional pós-crise, a imagem do Brasil mudou?

Garcia - Eu acho que já vinha mudando anteriormente. Quando a crise eclodiu, o Brasil foi consultado imediatamente sobre que tipo de instância deveria ser criado. Eu lembro que eu estava com o presidente Lula quando o presidente Bush telefonou para ele e disse: “eu preciso fazer uma reunião aqui em Washington para organizar uma resposta à crise. Quem você acha que nós devemos convidar?” Ele nos consultou. Foi quando o presidente (Lula) disse: “eu acho que deveria ser o G 20 financeiro”. Portanto, nesse momento, a imagem do Brasil já era fortalecida.

Desenvolvimento – Em que proporção a crise na Europa preocupa o Brasil?

Garcia – Olha, isso preocupa o Brasil por várias razões. Primeiro lugar porque isso afeta o equilíbrio da economia internacional como um todo. Se há uma retração da economia europeia, isso, sem dúvida nenhuma, afetará o conjunto da economia mundial. Os chineses serão afetados porque a China tem no espaço europeu um de seus mercados importantes.

Desenvolvimento – Falando em China, o que o Brasil pode fazer para melhorar o comércio com a China, tendo em vista que essa relação comercial acaba sendo desfavorável ao Brasil, que exporta apenas commodities para o gigantesco mercado chinês?

Garcia – Primeiramente, eu acho que nós não devemos ter vergonha de exportar commodities. O ruim é quando a gente não exporta nada. O problema brasileiro é que nós estamos fazendo, nos últimos anos, uma certa reconversão da economia brasileira, fazendo com que o processo de industrialização seja um processo não só de crescimento quantitativo, mas de sofisticação qualitativa. Isso implica agregar mais valor. E é claro que no caso da China, salvo em alguns nichos muito particulares, nós vamos enfrentar dificuldades em aumentar nossas exportações por uma razão muito simples: a China realiza aquilo que nós também realizamos em escalas muitas vezes superiores: eles produzem automóveis, eletrodomésticos e eletrônicos em escala muito maior do que a nossa. Nós temos algumas formas de entrada na China da indústria de alto valor agregado como é o caso da nossa indústria aeronáutica. Mas a produção agrícola, por exemplo, é um trunfo extraordinário que o Brasil tem. Não quero dizer com isso que não vamos melhorar nossa indústria, que não vamos adotar uma política industrial mais agressiva, que não vamos enfrentar a questão da inovação tecnológica, que é fundamental.

Desenvolvimento – O Brasil, que já liderava a missão de paz no Haiti, está tendo uma atuação muito efetiva na ajuda ao país depois da tragédia causada pelo terremoto. Que efeitos essa atuação produzirá para o Brasil no cenário internacional?

Garcia – Nós estamos fazendo isso, em primeiro lugar, porque nós incorporamos a solidariedade como valor a ser defendido na nossa política externa. Da mesma forma que nós buscamos a defesa da paz, defesa dos direitos humanos, relações internacionais menos assimétricas, menos desequilibradas, temos também como um dos valores a solidariedade. O Haiti é um país com o qual nós temos grande afinidade, é um país de população negra, como é o caso do Brasil.

Desenvolvimento – Por que é tão importante para o Brasil ter um assento permanente no conselho?

Garcia - Por uma razão muito simples: nesse conselho é que se resolvem as questões da segurança global. Nós não estávamos discutindo no começo que o mundo pode correr um risco de uma conflagração regional ou mais global, seja pela incapacidade dos governos se porem de acordo, seja pelo progresso abusivo de uma situação conflitiva? Quem coopera nessas circunstâncias? Só pode ser o Conselho de Segurança. Nós, inclusive, temos uma visão hoje crítica ao funcionamento das Nações Unidas. Nós achamos que as Nações Unidas deveriam assumir concretamente a condição de organismo regulador da paz mundial.

Desenvolvimento – Por que isso não acontece?

Garcia - Isso não está acontecendo porque as Nações Unidas foram enfraquecidas, porque durante um certo período predominou uma orientação estritamente unilateralista da política norte-americana. Então nós precisamos de organismos mais legitimados. Em muitas das crises mundiais recentes, o Conselho de Segurança ficou sobrepassado. O caso do Iraque é um caso claro. Ele não apoiou a invasão, mas saiu debilitado porque a invasão se deu sem a opinião dele. Nós precisamos de um conselho de segurança mais amplo, mais representativo. Vai ser rápido? Não, não vai. Até que caia a ficha de alguns países que o mundo não é mais propriedade exclusiva deles, vai levar algum tempo.

Desenvolvimento – É fato que o Brasil está se aproximando cada vez mais e ganhando respeito das grandes economias. Por outro lado, há a sensação de que o Brasil está se distanciando da América Latina. Não está?

Garcia - O Brasil não está alheio. Nós temos instâncias de participação. A primeira instância que é o Mercosul, que atravessa, a meu juízo, dificuldades hoje, não tantas quanto se diz. Acho que nós deveríamos pensar seriamente no fortalecimento institucional do Mercosul. Não há possibilidade de um processo de integração avançar se nós não temos instituições fortes. As instituições hoje de Montevidéu são muito frágeis, muito pequenas. Depois nós temos uma outra instância de intervenção sul-americana que é a Unasul. Eu diria que hoje, talvez, nós estejamos avançando com o ritmo que se impõe. O processo de integração energética, a constituição do Banco do Sul, que está decidida mas ainda tem uma certa tardança na implementação, os processos de integração física, tudo isso tem sido muito mais resultado de ações unilaterais, bilaterais, às vezes trilaterais, do que efetivamente uma política. Então há uma crise de governança tanto do Mercosul quanto da Unasul que é preciso resolver. Agora eu não acho que nós temos nos afastado da região. Pelo contrário. Nós temos uma relação muito solidária.

Desenvolvimento – O bloco corre o risco de acabar?

Garcia - Em primeiro lugar não vai acabar porque, entre outras coisas, do ponto de vista econômico, a integração da região produz resultados muito fortes. Do ponto de vista político, a presença, a intervenção de forças regionais em crises políticas internas, a meu juízo, só se justifica quando essas crises se transformam em crises agudas. Eu vou dar dois exemplos. Quando houve um forte processo de desestabilização na Venezuela em 2002/2003, foi criado aquele grupo de amigos da Venezuela, que ajudou muitíssimo e conduziu o processo de estabilização do país. Quando a Bolívia esteve à beira de uma guerra civil, a Unasul fez aquela reunião em Santiago do Chile e interveio no sentido de respaldar o governo.

Desenvolvimento – A expansão de bases norte-americanas na América Latina foi criticada pelo governo brasileiro. As relações entre Brasil e EUA ficaram abaladas por essa razão?

Garcia – Não. Acho negativa a existência de bases norte-americanas na região. É algo que cria tensões aqui. Isso nós dissemos de forma muito franca, muito clara ao presidente Uribe quando ele esteve aqui, depois em reunião na Argentina. Nós gostaríamos que os problemas da região fossem resolvidos no âmbito da região. No caso da Colômbia, um país que vive uma situação de crise interna pela existência das Farc e outras guerrilhas, nós não temos condições de participar de um esforço militar lá. Mas nós sim, temos condições de participar, já deixamos claro isso, num esforço de paz. Tudo que nós pudermos fazer para lograr a paz lá, nós faremos.

Desenvolvimento – Como ficam outros países da região?

Garcia – Eu tenho a impressão de que outros países se sintam incomodados. E nós mesmos, inclusive a partir da leitura de alguns documentos oficiais, ficamos preocupados. Há documentos oficiais dos Estados Unidos que falam das bases como tendo a possibilidade de uma projeção militar no resto do continente. Isso nos inquieta.

Desenvolvimento – Mudando de região. Além de muitas críticas, que benefício o Brasil teve com a visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad?

Garcia - Você poderia me perguntar por que nós recebemos o Shimon Peres e outros…

Desenvolvimento – Eu ia chegar lá.

Garcia - Primeiro lugar porque nós temos relações muito amplas, com muitos países. O Brasil ampliou consideravelmente as suas embaixadas pelo mundo e o mundo ampliou consideravelmente as suas embaixadas aqui. Segundo lugar, tanto o Irã quanto Israel, quanto a Palestina, são regiões que eu incluiria nessas regiões problemáticas do mundo. Quando nós começamos o governo, com a ameaça do desencadeamento da guerra no Iraque, não se tinha a ideia do que poderia acontecer. Como o Saddam Hussein era muito falastrão e ameaçava mundos e fundos, uma hipótese de trabalho que nós operamos aqui foi de que uma guerra desse tipo pudesse implicar ameaças das mais variadas. Desencadeamento de terror mundial… Criou-se aqui um trabalho na Presidência que estudava todas essas hipóteses e, inclusive, as medidas que deveriam ser adotadas. Eu tenho absoluta certeza de que o agravamento do conflito na Palestina ou o eventual desencadeamento de uma situação mais grave com o Irã seria algo de consequências terríveis.

Desenvolvimento – Realmente vale a pena o Brasil se aproximar de uma questão tão complexa e tumultuada como são as relações existentes no Oriente Médio? Não é um desgaste inútil?

Garcia - Não. Pelo contrário. Eu acho que um desgaste seria não participar. Dizer que essa é uma situação que não nos interessa… Não nos interessa até o dia em que isso nos cair em cima. E se nós queremos ser, como se diz, um global player, se nós queremos abandonar o eterno complexo de vira-lata, de ficar preocupados só com o nosso mundinho, nós temos que ter uma atenção para isso. Eu acho engraçado o seguinte: esses mesmos setores que criticam que nós estamos discutindo com o Ahmadinejad ou que estamos recebendo o presidente Mahmoud Abbas (Palestina), ou o presidente Shimon Peres (Israel), este em geral menos criticado, são aqueles que dizem: “vocês ficaram indiferentes ao genocídio na África e em tal país”. Nós não ficamos indiferentes. Nós votamos medidas nos fóruns internacionais. Eu estou convencido de que se não se chegar a uma solução da crise do Irã, nós corremos um grave risco para a paz mundial. Essa não é só a minha opinião. Essa é a opinião de grandes dirigentes mundiais com os quais eu tive a oportunidade de estar.

Desenvolvimento – Como o senhor avalia a posição dos Estados Unidos?

Garcia - Eu tenho certeza de uma coisa: ajudar não está ajudando porque essas coisas estão se alastrando há muito tempo. E o que é interessante observar é o seguinte: é justo, do ponto de vista de uma ordem internacional que nós queremos multilateral, que um país se ocupe de resolver todas crises do mundo? Que esteja presente em Honduras, no Paquistão, no Afeganistão, no Iêmen, na Palestina, no extremo oriente… É justo isso? Ou a melhor coisa é efetivamente criar um espaço de negociação mais plural? Nós não estamos pedindo isso para nós. A nossa presença tem esse sentido de incorporar outros, tem o sentido de fortalecer o multilateralismo.

Desenvolvimento – O presidente Lula sempre defendeu mais ajuda e aproximação com a África, mas quem acabou assumindo esse papel foi a China, que está investindo de fato no continente. Como fica o Brasil agora?

Garcia - Mas nós não estamos competindo com a China na África. A China está fazendo o que considera mais adequado. Eu sei que muitos países não gostam desse tipo de presença. Não gostam, por exemplo, que uma represa que está sendo construída pela China seja construída por cinco mil operários chineses que ficam em barcos ao largo e que vão sendo transportados todos os dias. Nós não fazemos isso. As obras que as empresas brasileiras estão construindo no continente africano são obras construídas mais de 95% por africanos. Nós estamos criando empregos na África. E também nós não temos necessidades que a China tem. A China vai buscar petróleo na África. Nós não precisamos buscar petróleo fora do Brasil. Mas até temos explorações em Angola, na Nigéria, e em outros lugares. A China vai buscar minérios. Nós não precisamos buscar minérios lá. Nós temos minérios.

Desenvolvimento – Na reunião de cúpula de Copenhague, os países não chegaram a nenhum acordo sobre as questões climáticas. Qual a probabilidade de o próximo encontro ser bem sucedido?

Garcia - Eu diria que obviamente os Estados Unidos terão uma responsabilidade muito grande nisso, porque, sendo o país responsável pelo maior número de emissões, cabe a ele chegar com metas concretas. As metas que os Estados Unidos estabeleceram até agora são ridículas. Elas tiveram reflexo também no próprio comportamento da União Europeia, como já mencionei. A União Europeia tinha metas mais ambiciosas, mas como viu que os Estados Unidos estavam na retranca, de certa maneira diminuiu as metas dela, encolheu a proposta. Eu acho que se todo mundo subir a sua missão no que diz respeito à redução, nós teremos efetivamente mais possibilidade de chegar a um acordo. Inclusive a própria China ficou evidente que tem flexibilidade nesse particular. Parece que o único país que não tem flexibilidade são os Estados Unidos.

Desenvolvimento – Mas os Estados Unidos nunca tiveram essa flexibilidade. O que faz o mundo acreditar que possa vir a ter?

Garcia – Bom, o problema é o seguinte: haverá, em um determinado momento, um constrangimento internacional muito forte sobre os Estados Unidos.

Desenvolvimento – Esperar que isso ocorra para só então começar a pensar nas questões climáticas e ambientais não pode ficar tarde demais?

Garcia - Pode ficar tarde para a humanidade, mas isso não exime os países de tomarem as suas iniciativas e com isso criar um constrangimento político e moral muito forte, que foi o que o Brasil fez. O Brasil fixou exigências, transformou-as em lei, e chegou lá com a agenda mais radical de todas. Nós vamos aplicar isso? Vamos. Se os outros não aplicarem, bom, paciência. Mau para a humanidade. A nossa parte nós estamos fazendo

Desenvolvimento – O que falta para o Brasil deixar de ser a eterna potência emergente, o eterno país do futuro que nunca chega, para se tornar de fato uma potência mundial?

Garcia - Em primeiro lugar eu não gosto muito da expressão potência mundial. Acho que o Brasil deixou de ser o eterno país do futuro, acho que o futuro chegou, um pouco. O futuro é uma construção. Nós estamos emergindo e vamos continuar a emergir. Há outros países que já são desenvolvidos que estão imergindo, estão afundando. O grande problema que nós temos aqui é o seguinte: nós começamos, a meu juízo, a enfrentar a questão chave que o País tinha que, de uma certa forma, abriu espaço para resolver as demais, que era questão social. Por que nós éramos o eterno país do futuro? Porque nós éramos um país rico e profundamente desigual. E essa desigualdade não era simplesmente de renda. Era uma desigualdade de gênero, étnica, era uma desigualdade que se dava em termos regionais, em termos educacionais, assimetrias culturais e etc. Nós começamos a resolver de forma importante a desigualdade social em termos de renda. E nós demos alguns passos importantes para resolver os temas das desigualdades regionais. Agora, isso é um processo que toma muito tempo e que dificilmente se cristaliza, porque esses 22 milhões que, segundo se diz, entraram para a classe média, eles não vão se contentar com os benefícios dessa suposta condição de classe média. Eles vão querer mais. É normal que assim seja. O País hoje tem mobilidade social. As pessoas não querem mais só entrar na universidade, elas querem entrar numa universidade de qualidade, elas querem uma escola secundária de qualidade, uma escola técnica de qualidade.

Desenvolvimento – O próximo passo não seria o combate à corrupção?

Garcia - Eu acho que o combate à corrupção aumentou e muito. Se a corrupção aparece mais hoje é porque mais tem sido combatida. Se você fizer um levantamento das iniciativas da Controladoria Geral da União e da Polícia Federal você vai ver o volume. Agora, eu quero sempre fazer uma diferença. Uma coisa é o combate à corrupção. Outra coisa é uma certa leitura que se faz desse combate hoje em dia, que eu acho que tem como função, não sei se explícita, em alguns casos sim, que é desacreditar a política. Há um esforço muito grande de desacreditar a política, que passa a ser uma área ardida, os políticos são as piores pessoas que existem no mundo…

Desenvolvimento – De quem é esse esforço?

Garcia - Você encontra na imprensa.

Desenvolvimento – Mas veja o que acontece com o governo do Distrito Federal, por exemplo, e tantos outros casos espalhados pelo País. O senhor não acha que esse esforço vem dos próprios políticos?

Garcia - O volume que esses temas ocupam no noticiário e a abordagem deles denotam concretamente uma incriminação da política como atividade humana. E ela é muitas vezes substituída por uma ideia de que ao invés da política nós devemos privilegiar a gestão. Uma gestão do tipo tecnocrática, apolítica e etc. Eu me preocupo muito com isso. Esse é um fenômeno mundial: uma tentativa de desacreditar a atividade política mundialmente. Claro que a corrupção tem que ser considerada como um problema grave, porque é antirrepublicana, tem que ser combatida. Mas que ela venha a ocupar um lugar que não ocupou nunca o tema da desigualdade social? Eu nunca vi nas manchetes dos jornais temas da desigualdade social, os temas da nossa dependência econômica, os temas da fragilidade da nossa soberania nacional, os temas da violência no campo, enfim, uma quantidade de outras questões que não têm a mesma incidência que os temas da corrupção têm. Acho que muitas vezes o risco é de que você, ao jogar a água suja do banho, jogue a criança também. Eu tenho a impressão de que hoje em dia, se você tomar as pesquisas, você vai ver que uma das instituições mais desacreditadas do País é o Parlamento. Por quê? Com isso você obscurece totalmente a função de dezenas, centenas de parlamentares que estão lá trabalhando. Qual a avaliação que se faz do funcionamento do Parlamento? É se os deputados estão lá. Eu não sou parlamentar nem quero ser, mas acho que há uma enorme incompreensão. Ou então quando se fala dos salários dos funcionários. Os salários que nós ganhamos no serviço público brasileiro são absolutamente ridículos se comparados com os salários daqueles que escrevem sobre os nossos salários e que não são assalariados. Encontraram formas muito claras de ludibriar os impostos criando essas microempresas e coisas desse tipo. Eu acho que o jornalista tem que ganhar muito bem mesmo. Agora, não me venha falar dos nossos salários porque eles não são compatíveis com o tipo de trabalho que nós fazemos.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Os talebans cristãos

Em 29 de março, nove integrantes da milícia fundamentalista cristã Hutaree, de Michigan, foram acusados e oito presos (um, filho do líder, está foragido) por conspirar para provocar um “conflito armado” com o governo. Seus planos incluíam assassinar um policial e matar vários de seus colegas no funeral, usando explosivos.

É uma das “milícias patrióticas”, cujo número saltou de 42 em 2008 para 127 em 2009, pontas de lança dos grupos radicais de direita, cujo total cresceu de 1.248 para 1.753 no mesmo perío-do. Sua página na internet cita a Bíblia para justificar o levantamento armado como preparação para o fim do mundo e prega uma “República Colonial Cristã”. Formações menos violentas incluem o grupo extremista cristão “Arrependa-se Amarillo”, apelidado “Taleban do Texas”, que assedia gays, pagãos, quiromantes, metaleiros e “swingers” com a cumplicidade da polícia local.

Tais movimentos são instigados por políticos como Sarah Palin, que recomendou “não recuar, mas recarregar e mirar” nos democratas, e comunicadores como Glenn Beck, da Fox News, que aterroriza os ingênuos fantasiando sobre socialismo e campos de concentração de Obama e promete para junho um romance sobre um grupo chamado “Guardiães dos Fundadores (dos EUA)”, que lidera uma guerra civil nos EUA e “vira o mundo de cabeça para baixo”.

Autoritário e ineficiente

Na segunda 29 de março, duas mulheres-bomba mataram 39 pessoas no metrô de Moscou, em atentado reivindicado pelo líder checheno Doku Umarov. Vladimir Putin prometeu que os responsáveis “serão arrancados do esgoto e trazidos à luz”, mas dois dias depois, outro atentado no Daguestão, Cáucaso russo, matou mais 12.

Grassa um clima de medo e xenofobia, lembrando os EUA após o 11 de Setembro e a própria Rússia após os atentados de 2003 . Duas muçulmanas foram agredidas por passageiros no metrô de Moscou. Tevês russas, controladas pelo Estado, suspenderam o entretenimento para exibir testemunhos de amigos e parentes das vítimas e documentários sobre o Cáucaso.

O prestígio de Putin saiu arranhado. Consolidou seu poder derrotando militarmente os chechenos em 1999 e ampliou-o com medidas antidemocráticas, cujo pretexto foi o terrorismo checheno de 2003. Os novos atentados mostram a ineficácia da FSB (ex-KGB, na qual Putin iniciou a carreira e sobre a qual se acumulam denúncias de abuso de poder e suspeitas de assassinatos de jornalistas e oposicionistas) nas operações de inteligência que justificam sua existência. Um dos atentados foi na estação Lubyanka, a poucos metros da sede da instituição.

Mino Carta

O presidente Lula costuma afirmar nunca ter sido de esquerda. Não chega a me convencer, deixo claro, mesmo porque o meu entendimento parte de Norberto Bobbio: é de esquerda quem se empenha a favor da igualdade. Creio, porém, que Lula imagine uma postura fortemente ideológica. De fato ele nunca a teve, embora seu partido tenha nascido com ideário de nítida marca esquerdista, hoje igual ao espaço vazio deixado pela foto retirada do álbum.

Há, porém, petistas que ainda se declaram solenemente de esquerda. Talvez tenha sido a estes que o presidente pretendeu oferecer alguma satisfação com suas palavras a respeito dos presos cubanos. Palavras, convenhamos, que não pediam para ser pronunciadas. Independentemente da existência, ou não, de uma robusta facção radical dentro do atual PT, a ser agradada sempre que surgir a oportunidade favorável.

Pergunto aos meus curiosos botões se não teria sido este o intuito do então ministro da Justiça Tarso Genro quando decidiu, contra a vontade do Conare e dos seus colaboradores mais próximos, conceder refúgio ao ex-terrorista italiano Cesare Battisti, em nome da convicção de ser ele um esquerdista de origem controlada e garantida. Com a tragicômica adesão de um sem-número de cidadãos, graúdos e nem tanto, dispostos a acreditar que a questão implica a própria soberania nacional.

Os leitores de CartaCapital já foram informados a respeito da verdadeira origem de Battisti e da intransponível distância entre quem pegou em armas para lutar contra a ditadura e quem as empunhou com o propósito insano de derrubar um Estado Democrático de Direito, e não hesitou em sacrificar inocentes. Depois da decisão do STF a favor da extradição, o caso estaciona nos corredores do Planalto, à espera do pronunciamento do presidente da República.

Poderia ser ulteriormente adiado. Segundo ótimas fontes, virá ao Brasil em abril o premier Silvio Berlusconi e não é provável que Lula o receba com a notícia do refúgio de Battisti. E se o presidente achar da sua conveniência deixar o caso em herança ao seu sucessor? Quem sabe... É inegável, de todo modo, que o enredo ganhe aspectos de puro suspense. Valeria um texto da escritora Fred Vargas, ou do próprio Battisti, especialistas em literatura policial.

De boa qualidade, o da francesa, segundo o notabilíssimo representante da esquerda petista que esta semana convidei para um debate, ou melhor, para uma conversa aberta sobre o caso, a ser publicada por CartaCapital. A personagem é muito importante, desempenhou tarefas de vulto e já se manifestou diversas vezes e sem meias-palavras a favor do refúgio. Registraríamos o diálogo e, antes da publicação, ele teria acesso ao texto final, com chance total de eventuais retoques. Declinou da proposta.
Por quê? Por não conhecer o assunto em profundidade. Caí da ionosfera. Então a que se devem as suas reiteradas declarações de apoio às decisões de Tarso Genro, bem como o interesse pela literatura da senhora Vargas? Bem impressionado pela escritora, não teve palavras de igual apreço pela decisão de Genro, que classificou como mais “uma” do ex-ministro, hoje candidato ao governo do Rio Grande do Sul.

Declarações similares colhi da boca de alguns ministros e parlamentares nos últimos meses, e também de um grande político petista do Sul do País, e de projeção federal, com quem estive há duas semanas e que não via há muito tempo. Figura pela qual tenho admiração há mais de 30 anos. De outra personagem central recebi- interessantes informações em relação aos saraus parisienses de alguns cidadãos nativos que privam com Fred Vargas e mais intelectuais franceses.

Por exemplo, o ministro Eros Grau, que em Paris dispõe de apartamento, na Provance de uma casa e, se não me engano, na Rive Droite de mesa cativa em restaurante pluriestrelado. Como se sabe, Grau, na reunião decisiva do STF, votou contra a extradição de Battisti. Há quem me diga: muitos entre os defensores do ex-terrorista italiano são obscurecidos em seus pensamentos por terem participado da resistência à ditadura no Brasil, quando não pegaram em armas. Transtornados pela memória dos dias impérvios, confundem as coisas.

Pois é. Ao cabo deste périplo investigativo junto a autoridades variadas, volto a encarar os botões e pergunto: que esquerda é essa, à espera de satisfações? Que fantasiosas informações a abastecem? Por que Battisti continua por aqui?
caso Battisti....

O instante das definições

O tom da campanha eleitoral de 2010 foi dado na quarta-feira 31 pelos dois principais candidatos à Presidência, José Serra e Dilma Rousseff, nos discursos de despedida dos cargos que ocupavam. Não foi nenhuma surpresa. Enquanto os tucanos vão salientar a “competência” de Serra, que afirmou não ser governante “que cultiva escândalos e roubalheira”, os petistas vão partir para a comparação com o governo do antecessor Fernando Henrique Cardoso, de quem, como insinuou Dilma, “alguns não têm orgulho” de ter participado.

Esnobado pelo governador mineiro, Aécio Neves, a quem tinha convidado para ser seu vice, Serra fez um afago em Minas, citando o escritor Guimarães Rosa, e aproveitou para provocar os professores em greve há quase 30 dias: “Mestre não é quem ensina, é quem de repente aprende” (a respeito, nota à pág. 14). Mas continuou fazendo mistério sobre a sua candidatura, ao não dizer qual a exata razão da despedida. A durona Dilma tampouco foi explícita, mas chorou e disse sentir uma “tristeza alegre” ao deixar a Casa Civil do governo Lula. “Não somos aqueles que estão dizendo ‘adeus’, somos aqueles que estão dizendo ‘até breve’”, afirmou, confiante.

Já a situação de outro presidenciável, Ciro Gomes, fica cada vez mais indefinida. O deputado cearense recusou a proposta de sair candidato ao governo de São Paulo, embora tenha transferido o domicílio para o estado. Ciro insiste em disputar a Presidência, mas seu partido, o PSB, dá sinais de que não terá candidato próprio, fechando aliança com Dilma.

Em reunião do partido na segunda-feira 29, na sede da Fundação João Mangabeira, em Brasília, o deputado apresentou aos lí-deres do PSB as razões pelas quais mantém a candidatura ao Planalto. Argumentou que entrar na disputa daria protagonismo ao partido, contribuiria para o debate político e contra o bipartidarismo, desequilibrando a polarização entre o PSDB e o PT. Ouviu de volta a preocupação dos companheiros de sigla de se lançarem numa candidatura isolada, sem perspectiva de alianças. Não houve consenso e os líderes decidiram esperar até abril. A única certeza de Ciro: ou sai candidato a presidente ou não disputa as eleições deste ano.

A força política da web

O Reino Unido deve ir às urnas em pouco mais de um mês e as últimas pesquisas mostram um eleitorado dividido entre a manutenção do poder em mãos trabalhistas ou a volta dos conservadores ao governo depois de 13 anos na oposição. Um dos principais obstáculos a ser enfrentado pelos conservadores é a imagem elitista associada ao partido, uma impressão reforçada pelos 11 anos de Margaret Thatcher e os excessos de uma geração de yuppies que adorava ostentar sua riqueza diante de uma classe trabalhadora implacavelmente tolhida e reprimida durante o mesmo período.

Essa divisão de classes persiste e é uma das maiores manchas de um país que se julga moderno. A equipe do atual líder conservador, David Cameron, acredita: a internet pode ser a solução para convencer uma geração que tem uma vaga lembrança dos anos Thatcher de que o partido conservador progrediu, um conceito um tanto paradoxal.

Parte dessa esperança é fruto do que Barack Obama conseguiu ao utilizar a internet para arrecadar fundos de campanha, permitindo-o passar ao largo da base tradicional do partido democrata que apoiava Hillary Clinton e mobilizar um sem-número de voluntários dispostos a percorrer os Estados Unidos e encampar mais votos para a sua base. A versão britânica da tática foi pensada por um ex-funcionário do Google, Sam Roake, e o ponto central dela é o WebCameron (http://www.conservatives.com/Video/Webcameron.aspx).

Atualmente a página mantém as cores tradicionalmente associadas ao conservadorismo britânico, principalmente o azul. À época do seu lançamento, o WebCameron era um festival de tons em rosa e violeta com objetivo de fazer o visitante esquecer que o homem mostrado nos vídeos era o líder dos conservadores, fruto de uma vida privilegiada e uma educação elitista em escolas privadas e depois em Oxford. O vídeo de abertura mostrava Cameron lavando louças, enquanto sua família tomava o café da manhã. Com o olhar fixo na câmera e pratos nem tão fixos em mãos, Cameron dizia que “queria falar para você um pouco do que os conservadores estão fazendo, o que minha equipe está fazendo, dar a você o acesso por-trás-das-câmeras para que você veja as políticas que estamos desenvolvendo”. A surpreendente união entre lavar pratos e o discurso político deu resultados positivos. O site conseguiu mais de 1,2 milhão de acessos únicos em seis meses e mais de um terço dos visitantes voltava a acessar a página depois da primeira visita.

O sucesso levou o partido conservador a abrir grupos em redes sociais como Facebook e Twitter. Isso acontece também do lado trabalhista e por todo o espectro político no Reino Unido, mas esse é o primeiro ciclo eleitoral no pós-guerra em que os partidos tiraram definitivamente da mídia o controle do que é ou não é notícia e o monopólio da atenção dos eleitores. Se antes a batalha entre os partidos se dava por programas de governo debatidos nas diferentes mídias, a internet acabou com a distância entre o político e os eleitores. Isso pode ser positivo, mas o outro lado da moeda também tem atingido David Cameron. Os pôsteres da sua campanha eleitoral têm sido modificados pelos blogueiros do MyDavidCameron (www.mydavidcameron.com) e os resultados são excelentes. Um deles resume o que os conservadores adorariam poder dizer, sobreposto a um retrato sério de Cameron: “Alguns dos meus melhores amigos são pobres”.

Somos mais do que um grande celeiro

Esqueça a imagem do Brasil como o celeiro do mundo. Nos próximos anos, o País caminha para se consolidar como grande fornecedor mundial não só de grãos, mas também de carne, açúcar, minério de ferro, petróleo e uma série de outros bens de largo consumo e cujos preços são cotados internacionalmente – as chamadas commodities. E o melhor é que, diferentemente do que pregavam as teses cepalinas nos anos 60, uma grande participação do setor primário na economia não representa mais, necessariamente, uma ameaça à industrialização e à diversificação de atividades. A conclusão é de acadêmicos, executivos do setor privado e representantes do governo reunidos na segunda-feira 29, em São Paulo, no seminário Produção de Commodities e Desenvolvimento – O esforço empresarial brasileiro.

“A experiência mostra que a exploração dos recursos naturais, por si só, não garante o desenvolvimento. Mas, sem recursos naturais, o desenvolvimento torna-se penoso”, afirma o diretor do Instituto de Economia da Unicamp, Mariano Laplane, responsável pela organização do encontro.

Nos últimos cinco anos, a participação das commodities nas exportações brasileiras ampliou-se em um ritmo médio superior a 6% ao ano, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Em 2009, quando as vendas ao exterior levaram um tombo de quase 30% sob os efeitos da crise financeira internacional, a fatia dos produtos básicos cresceu de 44,8% para 50,2%, o que contribuiu para evitar que o Brasil registrasse déficit na balança comercial.

Mas não é só nas contas externas que se mede o peso dos produtos primários na promoção do desenvolvimento. “A indústria de commodities do século XIX não é a do século XXI. As atividades que antes eram básicas agora são sofisticadas”, afirma o diretor de planejamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), João Carlos Ferraz.

As dificuldades enfrentadas na introdução da cultura da soja e do algodão na Região Centro-Oeste e a complexidade envolvida na extração do petróleo nas profundezas do mar são exemplos de obstáculos que exigiram o uso intensivo de tecnologia na produção brasileira. A esse cenário, Ferraz acrescenta o componente da intensa concorrência internacional. “Em se plantando, tudo dá? Não é bem assim.”

O presidente da Vale, Roger Agnelli, lembrou que as descobertas de grandes jazidas minerais são cada vez mais raras, e dependem da utilização das mesmas tecnologias utilizadas nas pesquisas espaciais. “A atividade pode ser antiga, mas o que era fácil encontrar já foi explorado”, afirma.

O executivo compara o debate sobre o peso das commodities na economia ao jogo de cartas rouba-monte. “Uma discussão sobre reduzir o papel dos produtos básicos na economia é estéril. A vocação do Brasil é ser o maior país agrícola, o maior minerador e o maior produtor de petróleo. Somos bons no que conseguimos naturalmente nos tornar bons. Nada veio de graça”, ressalta. “E precisamos nos concentrar nesses setores para nos tornar ainda melhores.”
Por enquanto, o Brasil beneficia-se da boa fase dos bens primários no comércio internacional. Desde o início da década, cresce a participação de alimentos, minério e petróleo nas trocas internacionais, enquanto os preços acompanham a trajetória de alta. A boa notícia é que os países asiáticos, apontados como principais causadores desse movimento, não dão sinais de exaustão.

Entre 1998 e 2008, a Ásia aumentou de 23% para 30% sua participação nas compras mundiais de produtos básicos, e manteve estável sua fatia nas exportações na categoria. “Isso quer dizer que ainda temos pela frente um período interessante de demanda mundial em alta”, prevê Ferraz, do BNDES. Os números também refletem a clara opção daqueles países por importar insumos do Brasil. “Conversamos com banqueiros chineses, e eles deixam clara a disposição para nos fornecer financiamento, infraestrutura, máquinas e, se preciso, até mão de obra.” A respeito, vale a leitura da coluna de Delfim Netto, à página 27.

O interesse da China em estimular a exportação de matérias-primas brasileiras, entretanto, guarda uma diferença fundamental em relação à antiga estratégia “centro-periferia”, associada, em outros tempos, ao subdesenvolvimento. “Não somos um País pequeno, com economia especializada. O peso das commodities tem de estar associado ao tamanho do nosso mercado, há espaço para os outros setores”, sustenta Ferraz.

Também conta a favor do Brasil o fato de a grande demanda por insumos, aliada à oferta de bens industrializados no Oriente, ter promovido uma alteração histórica nas relações de troca, com vantagem para os fornecedores. “Antes era necessário vender 15 toneladas de minério de ferro para comprar um computador. Hoje, são três ou quatro”, compara Agnelli. “Se no futuro precisar de uma só, vou ficar feliz.”

O diretor da divisão de mineração, petróleo e gás do Banco Mundial, Paulo de Sá, cita um informe recente da Intel, segundo o qual a produção mundial de microprocessadores vai duplicar nos próximos cinco anos, enquanto os preços cairão pela metade. O movimento é oposto ao do setor mineral, em que a maior parte do valor agregado se concentra nas etapas iniciais. “A rentabilidade da extração não se reproduz nas etapas da manufatura, quando a concorrência é muito maior”, afirma.

Segundo o executivo, restam duas opções aos países ricos em recursos. A primeira é aplicar altos impostos à produção, como fazem, por exemplo, as nações do Oriente Médio em relação ao petróleo. O outro caminho não requer que se abra mão das taxas, mas consiste no alargamento das cadeias produtivas. Não só no sentido vertical, que requer comprar brigas com os clientes, mas no horizontal, ao estimular parcerias com fornecedores locais e a criação de infraestrutura de energia, tecnologia, transportes e serviços. “A integração horizontal contribui muito mais para o desenvolvimento do que a simples taxação”, defende.

Sá dá como exemplos países africanos que, a despeito de possuírem vastas reservas petrolíferas, registram taxas de crescimento negativas, ou inferiores às de vizinhos sem riquezas naturais – um fenômeno batizado de “maldição dos recursos”. Em outros locais, a falta de fontes de financiamento e de orientação política da produção simplesmente impede que minas de alto potencial sejam exploradas.

“A grande questão hoje é como expandir a produção e, ao mesmo tempo, criar laços para contribuir com a economia local. A falta dessa licença social para operar pode inviabilizar empreendimentos inteiros. No caso dos setores que exploram recursos naturais, essa preocupação é ainda mais importante”, afirma o diretor do Banco Mundial. Segundo Sá, o Brasil tem obtido sucesso na estratégia de associar o mercado interno robusto ao desenvolvimento das cadeias produtivas. A Petrobras, com o alto índice de nacionalização de fornecedores e investimentos, tornou-se um exemplo internacionalmente reconhecido, garante o executivo.

As reservas de petróleo na região do pré-sal, que podem se situar entre 10 bilhões e 50 bilhões de barris, podem tornar a estatal brasileira a maior empresa mundial do setor nos próximos anos, de acordo com o vice-presidente da Energia do Rio e conselheiro do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), Luiz Carlos Costamilan. “A Petrobras era um grão de areia perto das grandes multinacionais, hoje tem um valor de mercado superior a 200 bilhões de dólares, pouco abaixo de gigantes como a Exxon ou a russa Gasprom”, afirma. “A empresa é reconhecida como a número 1 na exploração em águas profundas, que está para o setor petrolífero assim como a atividade espacial para a indústria aeronáutica.”
Segundo Costamilan, o desafio de substituir as reservas de petróleo em declínio obriga as empresas a investir, de maneira quase compulsória, o equivalente a 800 milhões de dólares ao ano em pesquisa e desenvolvimento. “O Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural) já capacitou 50 mil profissionais e deve chegar a 200 mil. Isso mostra como a exploração da commoditty envolve um grande desafio financeiro, mas também traz impactos positivos extremamente relevantes”, diz.

Com as encomendas de navios e plataformas para a exploração do petróleo na região do pré-sal, a Petrobras foi responsável pelo renascimento do setor naval brasileiro. A Vale, por sua vez, teve papel fundamental na reativação da indústria ferroviária, com as compras de 259 locomotivas e 12,5 mil vagões desde 2003. A mineradora também terá participações relevantes em mais da metade dos investimentos brasileiros em aumento de capacidade de produção de aço até 2014. O objetivo, na área siderúrgica, não é necessariamente concorrer com outros compradores de minério de ferro, mas criar garantias de demanda interna caso a economia chinesa reduza o ritmo, conforme explica Agnelli.

“Não existem mais enclaves na mineração moderna. Não se constroem mais vilas para os funcionários. Contribuímos para que os municípios invistam na própria infraestrutura, levamos desenvolvimento para onde vamos”, garante o presidente da Vale.

Se o petróleo e a mineração ainda guardam promessas, na agricultura as vantagens comparativas brasileiras sempre foram evidentes. De acordo com as estatísticas de comércio internacional em 2008, da Organização das Nações Unidas, o País é o maior produtor mundial de proteína animal (bovina, suína e de frango), açúcar, café e tabaco. “O agronegócio brasileiro alcançou um sucesso único nos trópicos, uma atividade mais complexa e integrada à economia”, afirma o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio-diretor da MB Associados. “Em 40 anos, o processamento subiu das zonas mais temperadas do continente para acima dos trópicos, graças ao aproveitamento de vantagens naturais, como água e terra a baixo custo, mas também a um pacote tecnológico, com destaque para a atuação da Embrapa e de outras instituições estatais.”

Mendonça de Barros destaca técnicas como o sistema de plantio direto, que permite o uso quase contínuo dos solos e a obtenção de até três safras por ano ao cobri-los com a palha da colheita anterior. A integração da agricultura com a pecuária e com o reflorestamento também configura soluções tão revolucionárias quanto tipicamente nacionais. A ênfase no agronegócio, garante o economista, pode impulsionar o País em outros setores.

Não são poucas as áreas de pesquisa promissoras para o Brasil a partir da economia do campo. O diretor-geral da Votorantim Industrial, Raul Calfat, prevê para breve o desenvolvimento de uma nova geração de biocombustíveis produzidos a partir dos cavacos de madeira. Se o prognóstico se confirmar, significará uma oportunidade ímpar de agregar valor ao resíduo da produção de celulose da Fibria, líder mundial no setor, controlada pelo Grupo Votorantim. “Plantamos florestas em uma área de 1,2 milhão de hectares, maior do que a Bélgica”, disse o executivo.

“Boa parte da inovação tecnológica não está na indústria, mas nos serviços. A tecnologia da informação, em especial, permite desverticalizar parte da cadeia de serviços que integra o agronegócio”, explica Mendonça de Barros. “Há variedades de cana-de-açúcar que ainda não estão no campo, mas são capazes de aumentar em 40% a produtividade. A biotecnologia, por exemplo, está na fronteira da tecnologia mundial.”

A necessidade de aumento de produtividade, no caso da agricultura, é reforçada por uma realidade histórica: em que pese o aumento da demanda por alimentos, nos últimos 30 anos os preços caíram 5% ao ano, em média, de acordo com dados da Fipe. “Só a tecnologia e a pesquisa vão permitir que continuemos a fazer mais do mesmo, com mais eficiência”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora e Produtora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto. “Esse é o debate que importa.”

A aproximação entre a produção de commodities e os processos industriais, segundo o professor de economia da Unicamp e consultor editorial de CartaCapital Luiz Gonzaga Belluzzo, suprimiu as fronteiras entre as duas atividades. “O setor primário ficou mais secundário, enquanto a Ásia suprimiu a divisão internacional do trabalho. Hoje, o Brasil não pode prescindir da indústria que já criou nem abandonar uma vantagem natural que se tornou dinâmica”, afirma o economista. “Precisamos nos concentrar em resolver entraves, como as deficiências de infraestrutura e a falta de financiamento de longo prazo, o que exige reformas e protagonismo do governo e do setor privado.”

A maior evidência de que os produtos básicos não são entraves, mas sim alavancas para o desenvolvimento, é o desempenho de países como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Noruega. De acordo com o consultor Cláudio Frischtak, da Inter.B, trata-se de casos de sucesso de quem soube estruturar um setor industrial em torno de uma base de recursos naturais. “Ao mesmo tempo, esses países foram precursores também nos investimentos em educação, com índices elevados de alfabetização no início do século XX. Essa é a maior prova de que o desenvolvimento não é automático”, conclui.