terça-feira, 11 de junho de 2013

“Política fiscal está errada”, diz Gustavo Franco

EXAME.com - Como o Brasil pode impulsionar os investimentos e a produtividade?
Gustavo Franco - Isso é um assunto muito vasto e que começa com uma mudança de filosofia. O mundo empresarial gostaria de ver políticas públicas de várias naturezas, todas voltadas para uma economia de mercado e que não é bem o que temos visto nos últimos anos. Temos visto maior intervencionismo, que causa insegurança no mundo empresarial e não adianta brigar contra isso, isso é como o mundo funciona. Com mais intervencionismo o setor privado se amedronta.
EXAME.com - Como teria sido o crescimento econômico em 2012 sem as intervenções?
Gustavo Franco - 2012, seguramente, teria sido melhor sem as medidas de intervenção. Com exceção das medidas intervencionistas feitas no calor da crise de 2008, que eram semelhantes talvez as que os Estados Unidos fizeram, todo o resto das medidas intervencionistas terminou sendo de pouca efetividade ou tendo o funcionamento contrário. O nível de investimento no Brasil está mais ou menos parado há vários anos, em torno de 18%/19% do PIB e nesse intervalo o BNDES triplicou de tamanho. Como o BNDES triplica e o investimento fica igual?
EXAME.com - Se as eleições fossem hoje, qual seria o foco do debate econômico?
Gustavo Franco - Acho que os debates terão esses assuntos, como fazer o investimento acordar, se engajar no modelo de crescimento e é um debate interessante. Acho que o governo do PT assumiu uma identidade mais próxima do que foram os ideais teóricos do PT, o governo Lula, em política macroeconômica parecia-se mais com o governo FHC e agora as diferenças se acentuaram, num momento em que a economia começa a piorar. Tem muita convergência de opinião sobre como conduzir as coisas, é ótimo que o governo reduza a taxa de juros e isso todo mundo quer. Todo mundo quer a mesma coisa, a questão é o modo de fazer e o bom é ter um debate do modo de fazer.

Nenhum comentário: