sábado, 7 de julho de 2012

O PSB Joga xadrez ou pôquer?


Por Vanuccio Pimentel, Caruaru/PE, especial para o Blog de Jamildo

A resposta pode trazer interessantes esclarecimentos sobre as eleições municipais em 2012.

Alguns analistas escrevem que os políticos do PSB são exímios enxadristas políticos e que preparam o xeque-mate com muita antecedência, surpreendendo o adversário e derrotando-o facilmente. O xadrez é um jogo intelectual, que exige apenas estratégias intelectuais, e não estratégias como, por exemplo, fazer um oponente perder perturbando-o com ameaças ou disfarces. No entanto, existe um jogo no qual a pressão psicológica tem um papel determinante: o pôquer.

E o que diferencia o pôquer dos demais jogos? O blefe! No pôquer, você não precisa ter a melhor mão para vencer, basta convencer os parceiros de que sua mão é a mais forte. No blefe, você pode ter uma mão ruim, mas aposta mesmo assim, fingindo ter uma mão forte. Se o seu oponente acreditar, você leva o pote. Duas chaves para um blefe ser bem-sucedido, segundo Matt Lessinger, em “O livro dos blefes – como blefar e vencer no poquer”:

a) Que os seus oponentes se mostrem fracos;

b) Que você demonstre força de maneira convincente por meio de sua aposta.

Lessinger dá algumas dicas para blefar:

1) conheça os seus oponentes;

2) assegure-se de blefar o mínimo de oponentes possíveis; quanto menos oponentes, melhor, porque, contra muitos, aumentam as chances de alguém ter mão forte o suficiente para pagar para ver. Para o PSB, na eleição do Recife, o ideal seria o máximo de partidos aliados e o mínimo de oponentes para ganhar logo no primeiro turno;

3) use a sua posição. É melhor usar o blefe quando você é o último a agir. Assim, você terá a oportunidade de ver o seu adversário agir antes de você. Ora, blefar é arriscar; entretanto, é impossível que todos os blefes dêem certo! O PSB pensava que tinha agido por último e levado o pote, mas Lula queria pagar para ver e aguardou silencioso, esperando que os socialistas não pudessem mais baixar a aposta. Lançada a sorte socialista, Lula agiu por último e surpreendeu o PSB: após o anúncio do candidato socialista, apresentou Humberto Costa e João Paulo numa chapa-puro sangue! Lula mostrou que tinha mão forte e pagou pra ver!

4) use o seu stack. Use o medo das pessoas de ficarem fora da zona de premiação para adquirir novas fichas. Foi isso que o PSB fez quando arranjou muitos aliados, prometeu cargos e apoios futuros e buscou isolar os oponentes, assegurando uma vitória arrasadora, ao mesmo tempo em que insinuava que não apoiar os socialistas agora é certamente perder tudo, porque o outro lado será derrotado no primeiro turno.

Como já foi dito, blefar é arriscar e o PSB parece, no momento, estar entre a bigorna e o martelo: o partido socialista tem a obrigação de ganhar no primeiro turno, não terá a neutralidade de Lula no Recife e, por ter se aliado a Jarbas Vasconcelos, o PSB viverá, de agora em diante, angustiosa situação de, provavelmente, ter que enfrentar o ex-presidente em 2014 para a única vaga no Senado.

Caro leitor, aplique esses elementos em sua análise da sucessão municipal no Recife e decida: o PSB joga xadrez ou pôquer?

Vanuccio Pimentel, mestre em ciências políticas e doutorando na mesma área pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), observador eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) e professor da Faculdade Asces, de Caruaru.



David Batista.

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